A palmatória surgiu nos tempos primórdios, era uma das formas que os senhores de engenho tinham para punir seus escravos. Com abolição da escravatura, a palmatória começou a perder força, passando a ser algo somente usado no Candomblé, onde os Sacerdotes puniam seus filhos de santos, em especial os Iyawòs. O tempo passou e a palmatória também caiu no Candomblé.
Antes de tudo, quero dizer que, eu, Huntó Douglas D’ Odé, sou contra as agressões físicas e verbais que os filhos de santo sofrem dentro das casas de Asé, pelas mãos dos sacerdotes. Mas acho que hoje, falta algo no Candomblé que coíba a petulância de alguns Iyawòs, claro nada que os agrida, mas algo que os coíba.
Há algum tempo, presenciei a seguinte situação: Uma festa onde todos estavam virados inclusive o Sacerdote e a Mãe Pequena, logo, a responsabilidade da casa passa para as mãos dos Ogans e das Ekedjís do Asé. Então, uma Ekedjí falou: - “Não mexam na cozinha ainda, porque vou ver como será servida”. O Iyawò com a maior audácia possível respondeu: - “Eu vou pegar a comida sim, porque eu não vou ficar com fome, e qualquer coisa diga que foi Dofono D’ Ogún (Nome fictício)que mexeu na comida. A pergunta é: Quem é um Iyawò para responder com essa prepotência a uma Ekedjí ? Os mais antigos que me corrijam se eu estiver errado, mas há 30 anos, aonde uma situação dessa acontecia ? Não aconteciam porque Iyawò conhecia seu lugar, claro, com a palmatória ou outras agressões, mas conheciam seu lugar.
Repito, não sou a favor de agressões físicas ou verbais, mas acho sim, que os Sacerdotes tem amostrar aos seus Iyawòs seus devidos lugares. Infelizmente, o que mais vejo é o Sacerdote dando grau e ousadia ao Iyawò, permitindo que Iyawò abra casa, entregando adjá na mão dos Iyawòs, vendo um Iyawò em pé enquanto acontece uma Roda de Sangò, Bessen ou Oyé, dando mão de jogo a Iyawò de 3 anos e são essas pequenas coisas onde vão tomando força e se achando superior a tudo e todos.
Eu tenho amigos Iyawòs que tem casa aberta, até desculpo-me com eles, mas minha opinião é essa, sei que essa minha insistência no assunto pode ser tornar chata, mas é a realidade que estamos vivendo no Candomblé.
Um bom Iyawò está dentro da casa de seu Sacerdote, ajudando e aprendendo para aplicar quando tiver seus 7 anos pago.
Huntó Douglas D' Odé